segunda-feira, 17 de junho de 2013

Tra il Cane i il Lupo ou Entre o Cão e o Lobo

  


 Talvez na velhice,
Quando não mais meus pés tocarem o chão,
Quando este corpo não mais suportar essa alma que se evade aos poucos,
Poderei ver  assim, as luzes no final da tarde escondidas tra il cane  i il lupo ( entre o cão e o lobo).

 Luis Ferreira - para Dona Derrisão


Em algum lugar onde as imagens não mudam...


sábado, 8 de junho de 2013

OLHA QUEM ESTÁ LÁ! COITADO. NA SARJETA...


       Caderno de Direção #12

      A imagem quando se desgruda do fundo fica assim: igual à bituca de cigarro. Não é mais cigarro. É bituca. É lixo. E lixo são pedaços de coisas ou coisas em pedaços.

Não é comum ver um papai Noel jogado por onde corre esgoto, rato e toda sorte de porcaria. Confesso que, quando olhei, achei engraçado, diabolicamente engraçado:

- Eu sempre me perguntei: o que fazia o papai Noel no período do São João?...  

Todavia, como o Diabo é também um amante da filosofia (Fausto é testemunha), logo tirei o riso do canto da boca para analisar mais, digamos, dialeticamente:

- Aquilo era um símbolo jogado fora sem mais nem menos. Ali não tinha nenhuma mensagem de Natal, embora estejamos em pleno São João, o que, sem dúvida, já é o suficiente para pararmos por aqui, mas não! Espere... Aqui existe um paralelo entre o Alzheimer (o tema da nossa pecinha, lembrou?) e o nosso mundo moderno:
-Se, na caduquice, a memória se apaga gradualmente, na contemporaneidade, os nossos símbolos estão também se esfumaçando. O resultado em comum: cada instante é um instante novo, separado do que veio antes e do que virá depois.

Cada símbolo tem a essência de uma cultura e, se toda a simbologia de um povo se concentra em um jogador de futebol ou naquele pop star de calças cerradas, não é pelo fato deste povo não ter essência. Longe disso. Ele tem essência, o problema é que ela evapora muito rápido. Tão rápido, que parece que não há essência alguma ali, assim como não há memória alguma em um portador em estágio terminal do Mal de Alzheimer.

O tempo não perdoa. O tempo sem amarras na memória, menos ainda.

domingo, 2 de junho de 2013

DONA L. DONA N.


Contornos que se confundem. Olhando, já não sei mais o que é mão e o que é rosto. Em determinado momento, a gente se torna mais contorno do que preenchimento. Viramos aquilo que nos cerca. Viramos esboços tão cheios de linhas que parecemos outro desenho. Na verdade é outro desenho. É bom abordar a questão assim. O contorno muda o formato.Devemos pensar de outro jeito para contornar a situação. Voltaremos ao estágio inicial ou começaremos a partir daqui?