domingo, 24 de novembro de 2013

NÃO, QUERIDO, NÃO SE VOA COLOCANDO ASPAS NO VERBO "VOAR" - Crítica a Velhos Caem do Céu como Canivetes

                
           Convém-se que a Tragédia é a derrota do Homem diante da vontade divina. Não se luta contra o que foi preestabelecido pelos “Céus”.  Por mais cruel que o destino possa parecer, o Homem é regido por estas convenções de ordem divina e/ou social e deve respeitá-las. O ato que vai de encontro àquilo que lhe foi conferido pelos deuses ou/e pela sociedade culminará em um terrível fim. Seu caráter transgressor, que parecia sua maior qualidade, será o responsável por sua queda. Mesmo arrependido, continuará caindo até se chocar contra um sólido fundo trágico...
Nós, do lado de cá, sentindo terror e piedade, nos purgamos daquele defeito de caráter que parecia tentador em um primeiro momento, pois deu ao Herói toda glória que possuía; mas, depois, tornou-se indigesto, daí a purgação. Essa é a catarse, grosseiramente resumida e efetivamente útil quando se trata de adaptar o sujeito às convenções:

 “Aristóteles formulou um poderosíssimo sistema purgatório, cuja finalidade é eliminar tudo que não seja comumente aceito, legalmente aceito, inclusive a revolução, antes que aconteça. O seu Sistema aparece dissimulado na TV, no cine, nos circos e nos teatros. Mas a sua essência não se modifica. Trata-se de frear o indivíduo, de adaptá-lo ao que pré-existe.” (BOAL, 1931).
      
              Em Velhos Caem do Céu como Canivetes, da Pequena Cia de Teatro, temos uma montagem que vai de encontro a todo esse sistema coercitivo que é denunciado por Augusto Boal em Teatro do Oprimido. A Tragédia é posta ao avesso. O que se vemos é um drama com ares trágicos, ou, uma “antitragédia”. Já explico...
     

ACERTOS FILOSÓFICOS

         

Sonhos todos têm. Maioria, irrealizáveis. Por em prática o projeto sonhado significa perder o sono. Sonhar acordado pode causar insônia. Sonhar pode cansar. Peso de sonhos é caro, paga-se a preço de alma e corpo. Por isso que muitos dos que vivem sonhando não voltam. Criam uma realidade em linha paralela que finda por acolchoar a realidade reta de linhas tortas... O que afeta muitos julgamentos é que a realidade é tão ilimitada quanto o sonho. Não sabemos nem o que é um, nem o que é o outro. O que é Real, o que é Sonho? Um dia ouvi falar de um homem que sonhou que era uma borboleta, mas o sonho lhe foi tão verdadeiro que, quando acordou, pensou que era uma borboleta sonhando que era um homem. Na inevitável existência destes dois planos, o melhor é equacioná-los. Se eu tornar o sonho em realidade, ou a realidade, em sonho; não vou viver encerrado na dúvida. Tenho, aqui, uma probabilidade filosófica de 50% de acerto. Dar tudo de si por uma ideia não é uma loucura. Gastar todos os seus recursos físicos e/ou financeiros para por em prática um sonho não parece nem um pouco insano. Muito pelo contrário. É o que garante que nossa existência tenha propósito em qualquer plano seja ele físico ou metafísico. Na verdade, esse tipo de discernimento seria completamente dispensável. Sonhar e Fazer, Fazer e Sonhar. Verbos que não me permitiriam pensar em “ser ou não ser”, jamais.

Igor Nascimento