Alucinações…
De repente, a situação chega a um ponto em que os pobres condenados,
reféns do Alzheimer, surtam de tal forma, que, coisas que não existem, em razão
de seus devaneios, passam a existir…
Exemplo:
— Espelhos surgem como janelas.
— Seu reflexo no espelho passa a ser outra
pessoa: um amigo imaginário.
— Esse amigo imaginário — que se mostra
através do espelho — torna-se uma visita rotineira.
— Diálogos começam a ser travados com esse tal
amigo que nem ao menos existe.
— Essa estranha relação gera lembranças de
momentos que, em momento algum, se fizeram fatos.
Súplicas em agonia: E eis que algo desconhecido aos nossos
olhos a surpreende, e com um gesto seu, impremeditado, o diálogo travado, no
imediato instante, por ela, é interrompido; eis a hora em que é perceptível a
presença de algo que a incomoda; e não tarda para que horrendas criaturas —
crias de seu próprio tormento — venham a se revelar de modo a arrombar a sua
retina, e a causar-lhe assombros ao espírito. A fobia, proveniente de seus
delírios, se faz de carrasco; e a tal expressão: “Meu Deus!”, — proferida com tórpida
aflição por duas vezes — provém de sua boca como um rogo que lhes serve de
refúgio a preceder tal suplício.
Cena:
“— Ah, meu Deus… ah, meu deus…”.
“Eles estão na cadeira!”
“Eles são animais… com pernas longas!”
“Tem tantos deles ali nas caixas (Há alguns
deles naquelas caixas).”
Nuno Lilah Lisboa
Ansiosa pela estréia!!!
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