O Teatro nasce na Grécia assim como a
Filosofia. Deste ponto as relações existentes entre estas duas formas de
expressão da alma tornam-se cúmplices ao estarem em uma busca constante da explicação
do ser [ inteligível/imutável], onde o teatro, que se utiliza de técnicas do
elemento estético para representar espiritualmente a condição humana, encontra
junto à Filosofia uma manifestação original da dimensão artística e da reflexão
conceitual.
Para Aristóteles, a idealização é o modo próprio da tragédia, onde aparece o
herói fora do cotidiano do espectador, o que nos faz lembrar Brecht, quando em
seu teatro estabelece um distanciamento, uma quarta parede, entre ator,
personagem e público, este último não se envolve no enredo da dramaturgia,
estabelecendo assim uma atmosfera de valores que não se apagam quando se fecham
as cortinas. Mesmo nascendo durante festas a Dionísio o Teatro começou a
questionar o esforço humano para obter a ajuda dos deuses, assim a critica
social cresce juntamente ao avanço cultural grego, a personificação dos
elementos da natureza dentro dos ritos de fertilidades já não mais são
suficientes para se entender o mundo da forma que é apresentada a este homem
inquieto. Agora o antigo “xamã” que se portava da voz dos deuses, e que assumia
o movimento dançante para se chegar ao êxtase do sagrado dá lugar a Téspis, o
primeiro ator que se tem notícia que empresta seu corpo e sua voz, para então
assim representar a obra do poeta e distinguir o deus-ator, para o ator-personagem.
Para este primeiro momento da pesquisa nos prenderá na figura do ator; a
distinção entre o ator que assume a voz dos deuses e aquele que apenas a
representa, Assim, compreendemos que o teatro é dotado de ação, e o ator
constitui-se enquanto elemento principal da ação; se retiramos o texto, o
espaço da representação e toda maquinaria que compõe o teatro ele ainda
existirá, no entanto se retiramos o ator do teatro este último não mais fará
sentido , visto que o teatro é arte do ator, pois foi Téspis que ao subir na
carroça e distanciar-se do coro começou-se então a aparecer uma reflexão
interior do filósofo, com debate de ideias no movimento filosófico e com o
processo de artes em detrimento das críticas da sociedade grega, com busca de
sentido e valores da existência.
Para Nietzsche em O nascimento da tragédia. “O grego conheceu e sentiu os temores e os horrores do existir este sentimento refletiu-se em sua arte dramática, onde se destaca Sófocles que
apresenta o homem enquanto detentor da consciência destes próprios horrores em
um sofrimento sem saída, aqui percebemos que para Sófocles voltar-se contra os
deuses, não significa um moira [ destino] de castigos supremos , mas sim um
estagio de transformação e independência da condição humana , Édipo não deixa
de enxergar e por ter furado os olhos, deixa apenas de ver as coisas matérias,
passa a enxergar ainda melhor suas razoes existentes. É neste momento que o
ator deixa de ser o canal de transposição da vontade dos deuses e constitui-se
enquanto um representador.
Referências
ARISTOTELES.
A poética. São Paulo. Martin Claret. 2010
BERTHOL,
Margot. Historia Mundial do Teatro.
São Paulo. Perspectiva. 2004
NIETZSCHE,
Friedrich. O nascimento da tragédia ou
helenismo e pessimismo. São Paulo. Cia das Letras. 2007
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