terça-feira, 22 de janeiro de 2013

POR QUE LATINO É UM GÊNIO





Caderno de Direção #3

                A arte não tem a menor utilidade. Ponto. É preciso ter coragem para dizer isso, mas trata-se da mais pura verdade. O mundo gira, as lojas abrem, Luan Santana cantará independentemente das galerias do Louvre...
O que acontece hoje na cena contemporânea (digo, na cena atual) é que a arte encontrou um “departamento” na sociedade. Encontrou uma maneira de ser auto-referencial, auto-suficiente, enfim, autônoma, divorciando-se do público...
 Criou-se uma “coisa”, uma maneira de entender essa “coisa” e, ainda, um meio de gostar desta “coisa”.
É como o cigarro: você é uma pessoa normal sem nunca ter tido a necessidade de fumar, daí você fuma um cigarro, dois três, quatro, e cria o costume de fumar, esse costume vira uma necessidade e, depois, você não consegue viver sem o dito-cujo.
O mundo sem cigarro e o mundo sem arte... Não é difícil intuir que ele seria o mesmo, pois a arte e o tabagismo são, no séc XXI, necessidadesfabricadas!
A arte que basta por ela mesma.
Em meio a esta invaginação da produção, cabe à crítica, às galerias, aos patrocinadores, aos colecionadores, aos teóricos dizerem o que é para ser é bom ou ruim. No jogo do bicho, eles são as grandes cafetinas de prostitutas que perderam a capacidade de seduzir.
O que consagra Latino é o que põe em evidência o artista contemporâneo: o barulho que se faz em volta daquilo, e não, aquilo! As coisas que falam dele e não o que ele fala...
A arte está nas mãos dos vinculadores. Ele pertence aos intermediários. São eles que a “traduzem” para público...
Negar que os mecanismos da arte são diferentes daqueles da cultura de massa é ignorar o mundo midiático em que vivemos.
Latino é um gênio, pois, ao contrário dos “Duchamps” que saíram de moda, dos “Brechts” que vão e voltam, mas nunca ficam, Latino faz sucesso desde 1994 num mundo de sucessos efêmeros.
É de se admirar, no mínimo, ou de se suspeitar, ao máximo...
No divórcio da arte com público, os intermediadores estabelecem a comunicação como se fosse um casal em litígio que dialoga através de seus advogados. Eles reafirmam as partes envolvidas, eles “explicam” a arte que se tornou autônoma e que, mesmo assim, precisa, de alguma forma, circular.  
Se eu sou artista, Latino também é! Por que não? Sou democrático! Pense bem:







        O poder deste Ser nada mais é do que o de “espalhar boatos” que vão desde o “escute essa música, é a música do momento” ao “a vida não é o que você pensa que ela é”
O que faz a Arte Contemporânea e o pop star Latino serem, no fim das contas, a mesma coisa é que ambos entendem que o barulho que se faz em torno da conversa é mais importante do que o diálogo.  

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