terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um dedo por um dente - Início


CADERNO DE DIREÇÃO  1#



Ao decorrer do processo percebi a movimentação não estava objetiva. O gesto era aleatório, não se encaixava no jogo e trazia dispersão. Os quinze minutos iniciais da peça não prendem a plateia. A peça começa sem força, pegando ritmo, apenas, do meio para final.
É claro que os personagens não podem se revelar logo no início. É preciso que eles deem indícios, pistas para que a plateia já comece a decifrar, criando assim expectativas que serão eclipsadas de acordo com o andamento da peça.
O início da peça é o estabelecimentos de trucagens que vão induzir o espectador, enganá-lo, avisá-lo, excitá-lo, inseri-lo ou excluí-lo.
É preciso definir, logo na primeira cena, que jogo é jogado.
Nesse caso, se faz necessário apresentar:
As características das personagens (extraídas através do embate de suas contradições, de seus conflitos)
O contexto, a ação anterior. (e, ao citá-los, definir como os personagens reagem)
Estabelecer um ritmo, através da tensão que implica cada cena. (Uma cena bem tensionada, com os polos bem definidos, impõe automaticamente um ritmo)
Por exemplo: se um personagem quer uma coisa, ele age com insistência. Se um age com insistência, o outro poderá reagir com impaciência. Dessa forma a cena está polarizada, tensionada.
Tendo isso em mãos, é preciso estabelecer o jogo, que nada mais é do que a iteração dessatensão com os demais elemento da cena: cenário, luz, proposta da peça (comédia, tragédia, comércio), os limites de cada ator.
Tensão, partindo da eletrotécnica, nada mais é do que a força motriz que faz com que a energia circule. A boa direção fara com que essa energia circule na cena sem se dispersar, sem causar sobrecarga, sem, oxalá, curto-circuitos!
Partindo daí, deve-se perguntar: o que move o personagem? Dizer quem ele é, suas características, seu contexto histórico, pode ajudar, mas não responde à pergunta. O que move o personagem são os seus conflitos, de ordem interna, ou externa, ou seja, os conflitos que ele tem em si mesmo, e/ou os conflitos que ele tem com a realidade que lhe é imposta pela ficção.
Este conflito desembocará na AÇÃO, matéria-prima do drama. É nela que tudo será pautado!

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